O QUE É DERIVAÇÃO VENTRICULOPERITONIAL (DVP)
Muitas crianças necessitam do implante da derivação ventriculoperitoneal (DVP) para tratamento da hidrocefalia. É um procedimento cirúrgico relativamente simples, realizado por um neurocirurgião pediátrico, para colocação de um cateter que liga o ventrículo cerebral onde há acúmulo de líquor e a cavidade abdominal da criança, para onde o excesso de líquido será drenado e absorvido pelo peritônio (estrutura do abdome que tem a capacidade de absorver o líquor). A capacidade de drenagem do cateter é regulada por uma válvula.
A cirurgia de implante de DVP pode ser necessária nos primeiros dias de vida do bebê. É comum os pais receberem a informação de que a DVP deverá ser trocada ao longo da vida da criança e é compreensível que eles imaginem que um cateter colocado na barriga de um bebê não seja capaz de acompanhar o seu crescimento.
Na verdade, quando um neurocirurgião faz uma DVP, ele deve partir do princípio de que ela precisa funcionar para a vida toda. Tendo isso em vista, o médico deve colocar uma extensão de cateter na cavidade abdominal muito maior que a necessária para o tamanho da criança no momento da cirurgia, considerando que ela irá crescer posteriormente.
QUANDO É NECESSÁRIA A TROCA DA DVP
Mesmo o neurocirurgião pediátrico fazendo previsões, as DVPs realizadas no início da vida tendem a complicar muito mais que as DVPs de adultos. Independentemente da técnica utilizada, existe 90% de chance de que a DVP tenha que ser revisada antes dos 2 anos de vida.
Os principais problemas são obstrução do cateter interno na cabeça, desconexões ou fraturas do cateter (que causam acúmulo de líquido na região subcutânea, que não é capaz de absorvê-lo), infecções ou problemas abdominais.
Pode acontecer que, na cirurgia de troca da derivação, o neurocirurgião não consiga tirar o cateter antigo, por ele estar muito aderido (grudado) aos planos profundos da pele ou internamente no cérebro. Nestes casos, o médico deve fazer uso da neuroendoscopia para auxiliar na retirada do cateter e evitar sangramentos cerebrais.
SEPULTANDO O CATETER ANTIGO
O ideal é manter sempre apenas um cateter no organismo da criança, para evitar problemas e complicações futuras. Se realmente for impossível a retirada do cateter antigo, o neurocirurgião deve supultar (amarrar) a sua ponta, interrompendo permanentemente sua função, para que não saia líquor pelo orifício que fica sob a pele. Se isso não for feito corretamente, cedo ou tarde pode haver acúmulo do líquido no subcutâneo (sob a pele).
Por fim, se de fato for necessária a colocação de mais de um cateter por múltiplas cavidades cerebrais, o ideal é mantê-los conectados em uma mesma válvula de derivação, pois assim o funcionamento é muito melhor e evita complicações.
Diante de quaisquer dúvidas, procure um neurocirurgião pediátrico experiente.
Cateter e válvula para cirurgia de DVP
Paciente com acúmulo de liquor no subcutâneo